PERSONAGENS



DOMINGOS JOSÉ MARTINS – 36 ANOS

Nascido na região das falésias do Sítio Caxangá, ao sul da Capitania do Espírito Santo, teve uma infância feliz e com liberdade, em meio a natureza, até ir estudar na Vila de Vitória. Filho de uma família abastada, conclui seus estudos em Lisboa, onde começou a trabalhar como comerciante de açúcar e algodão. Em Londres, cada vez mais reconhecido na profissão, teve seus primeiros contatos com a maçonaria. Aos 32 anos volta ao Brasil, e em Recife monta seu negócio de exportação para a Europa. Domingos era um homem bonito, alegre, sedutor e elegante, e até mesmo um razoável poeta, o que facilitou para que logo circulasse com desenvoltura perla sociedade local. Inquieto e de espirito empreendedor, seus primeiros contatos com a maçonaria em Pernambuco vêm através de Cabugá, seu amigo boêmio, e do Padre João Ribeiro. Com participação ativa entre as elites, suas ideias libertárias na maçonaria, e seu forte poder de penetração entre todos os seguimentos da sociedade, é visto como o grande líder da Revolução. Divide a causa libertária do movimento com o seu amor por Maria Theodora, uma jovem de 16 anos com quem se casa logo após a vitória do movimento. Destemido e imbuído por seu papel de liderança, Domingos Martins resistirá às tropas monárquicas, atuando na frente de batalha, e sendo por fim preso e condenado a morte.

 

MARIA TEODORA MARTINS  (16 ANOS)

Filha de Bento da Costa, comerciante português, capitalista e traficante de escravos, e um dos três homens mais ricos de Pernambuco, Maria Teodora da Costa era uma jovem cheia de vivacidade e exuberância. Sua paixão pela liberdade, fazia dele uma mulher a frente de seu tempo. Com gestos delicados e acompanhada de sua mucamas, ela transita com graça e sensualidade pelas ruas de Recife. Seu amor por Domingos Martins foi a primeira vista, sem que no entanto a relação prosperasse, proibida pelos pais, já que deveria casar-se com um português.  Irreverente e destemida, durante quatro anos ela mantem comunicação com o comerciante, sempre a distância, ou com recados e cartas levados por escravas. Esse jogo de sedução era divertido para ela, mas seu coração também sofria pelo amor proibido. É apenas depois de proclamada a Revolução, que ela e Domingos se casam, em uma celebração que ficou marcada na cidade. O assunto mais comentado, porém, foi como se apresentaram a noiva e suas damas de honra. Em vez de muito emperiquitadas, como então era moda, puseram vestidos simples e cortaram os cabelos bem curtos. Assim, deram uma mostra da sobriedade e do desprendimento típicos do “tempo dos simples cidadãos”. Fiel aos ideais revolucionárias do marido, Maria se manteve firme e inabalável ao seu lado. Com um forte pressentimento, ela percebe o momento em que Domingos é fuzilado na Bahia. 

 

CRUZ CABUGÁ, JOÃO SOARES LISBOA (1775-1833), 41 ANOS

CRUZ CABUGÁ – Nascido em Recife, tornou-se um comerciante bem-sucedido na cidade onde fez riqueza, sendo respeitado pelo seu bom relacionamento social, e uma estreia relação com a maçonaria.  Inteligente, sedutor e comunicativo, promovia festas para disseminar entre a elite intelectual e financeira os ideais revolucionários. Solteiro e mulherengo, era um farrista e boêmio que apreciava os prazeres da vida. Tem relação muito próxima com Domingos José Martins, a quem introduz na maçonaria. Unifica comerciantes, militares e clérigos. Era o único mulato entre os líderes do movimento. Por ser um exímio homem de negócios e financista, presidiu o Erário do movimento revolucionário. Ficou com a tarefa de buscar suporte internacional à Revolução nos Estados Unidos, comprar armas e conseguir soldados, com a ideia de libertar Napoleão Bonaparte. Seu apelido vem por uma certa dificuldade na dicção.

 

(03) PADRE JOÃO RIBEIRO, JOÃO RIBEIRO PESSOA DE MELO MONTENEGRO - (1766-1817) 51 ANOS

Nascido em Tracunhaém (Mata Norte), e filho de uma família da nobreza pernambucana, é um homem doce, carismático, estudioso do iluminismo, considerado por muitos como o norte religioso, filosófico e teórico da Revolução. Padre católico com intensa formação humanista, era professor de desenho e de canto e um estudioso de botânica e filosofia. Respira os ideais de liberdade da Revolução Francesa, que consolida como membro da primeira loja maçônica do Brasil, a Areópago de Itambé. Em sua missão religiosa, traduz sua fé revolucionária com sermões que engajam a comunidade na luta contra a opressão colonial   sendo amado e respeitado por ricos e pobres. Visto como um revolucionário bondoso e desprovido de malícia, é um dos chefes do governo provisório e o criador da bandeira da revolução de 1817. Suicida-se enforcado em uma capela, sendo desenterrado, esquartejado e com a cabeça exposta em praça pública.

 

DOMINGOS TEOTÔNIO JORGE MARTINS PESSOA - CAPITÃO, 38 ANOS

Militar pernambucano de origem humilde, é um sujeito discreto e educado, que conquistou grande respeito entre os companheiros de farda. Chega ao posto de capitão aos 38 anos de idade, sem poder alcançar postos mais altos na hierarquia militar, por ser brasileiro. É um importante estrategista militar do movimento, comandando milícias na capital, e “ordenanças no interior. Por suas habilidades táticas e seu poder de comando junto as tropas é promovido ao cargo de Comandante Geral do Governo Provisório, Teotônio combate heroicamente, na linha de frente durante o avanço das tropas portuguesas em direção à Recife.  No comando de Infantaria, sediado em Olinda e no de artilharia, em Recife, enfrenta a falta de recursos e o despreparo das tropas, obrigado a conviver com revolucionários sem preparo para o combate. Como fazendeiro influente na região, também ajudou a mobilizar apoio entre os proprietários rurais e a população do campo.

 

CAPITÃO JOSÉ DE BARROS, LEÃO COROADO (1764-1817) 53 ANOS 

Nascido na Capitania de Pernambuco, ainda jovem começou sua carreira militar.  Homem de grande bravura e altivez, e de caráter intrépido, é lotado no Regimento de Artilharia de Recife, onde já impõe liderança entre as tropas, promovido a capitão em 1813. Em defesa da revolução, impede que o movimento seja sufocado com a prisão de seus líderes, reagindo à voz de prisão do comandante do regimento Barbosa de Castro, e matando-o a golpes de espada. O incidente é reconhecido como o estopim da Revolução, com o Capitão João de Barros no comando da insurreição entre os oficiais e soldados. Em seguida, ele liberta os rebeldes, força a capitulação do Erário, e cerca a Fortaleza de Brum, obrigando a rendição do Governador da Província. Conhecido como o "Leão Coroado", devido à calvície em forma de coroa com longos cachos de cabelos brancos, participou ativamente da estratégia militar do movimento. Atuou com valentia, disposto a dar sua vida na linha de frente das batalhas. Em 26 de março de 1817, foi promovido a coronel de artilharia.

 

(07) JOSÉ LUIZ DE MENDONÇA (10) 

FIDALGO – 62 ANOS

Natural de Recife, é um homem rico, letrado e inteligente, com reputação de honesto e grande prestígio entre as classes abastadas de Pernambuco. Reconhecido como um brilhante advogado, e um político habilidoso e moderado, exerce influência entre as elites, com seu tom crítico à administração portuguesa.  Acaba afinado às ideias iluministas do movimento, apesar de sua preferência pelo regime monárquico constitucional.   Elegante e protocolar, possui uma oratória invejável e sabe como seduzir através das palavras.  Foi autor de um dos principais documentos da Revolução de 1817, o Preciso, sendo visto como uma espécie de jurista oficial do governo revolucionário, responsável pela elaboração da constituição do governo provisório. Apesar de sua total fidelidade, chega a travar embates com Domingos José Martins, ao observar com rigor as contraofensivas da Coroa Portuguesa, percebendo as debilidades e o comprometimento estratégico do movimento, com uma visão antecipara de sua derrota.

 

MIGUEL JOAQUIM DE ALMEIRA E CASTRO - PADRE MIGUELINHO 

SACERDOTE CATÓLICO E EDUCADOR (1768-1817) – 50 ANOS                                                                                                                                        

Natural Natal, Rio Grande do Norte, ainda rapaz foi estudar no Recife, onde ingressou na Ordem dos Carmelitas Reformados. Em Portugal teve contato com o iluminismo, e ingressou para a maçonaria, adepto das teses libertárias das revoluções europeias e da emancipação americana. Teólogo, filósofo e ilustre orador, foi professor de retórica no seminário de Olinda, onde atuou como liderança do ideário liberal em Pernambuco. Inquieto, de personalidade libertária e destemido, enfrentava a monarquia com sermões inflamados junto ao fieis e religiosos. Com seu espírito desafiador e crítico, foi um expoente intelectual para o movimento, tendo sob sua influência cerca de cinquenta membros do clero. Foi nomeado secretário do Governo Provisório, trabalhando junto com Frei Caneca. Prevendo o fim da revolução, decidiu queimar uma grande quantidade de documentos que comprometiam os líderes do movimento.


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